fonte: O Globo/Blog Emergências

Cerca de 2,1 mil crianças nascem no Rio, todos os anos, com algum problema no coração. E menos de 500 delas – ou 23,8% do total – conseguem ser operadas no estado. Dos 1,6 mil bebês que não chegam à mesa de cirurgia, 80% morrem meses após nascerem ou ficam em estado muito pior. Os dados são da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular. Segundo a presidente do Comitê de Cardiopediatria da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio (Soperj), a médica Talita Nolasco Loureiro, os hospitais públicos precisam oferecer mais leitos de cirurgia para atender às crianças que precisam ser operadas.

– O Instituto Estadual de Cardiologia Aloísio de Castro tem um andar de cardiologia pediátrica com UTI pediátrica, a Fundação Saúde está fazendo pequenas cirurgias cardíacas, mas bem poucas, pois faltam insumos. A unidade poderia fazer cirurgias de menor porte, mas não tem cirurgiões. O Hospital Universitário Pedro Ernesto da UERJ, atualmente, não oferece um serviço de cirurgia cardíaca pediátrica. O Hospital dos Servidores do Estado também. Poderia oferecer um setor organizado para isso, mas não está estruturado para tal – critica Talita.

Hospital de referência só tem seis leitos

No Rio, a unidade de referência pelo SUS é o Instituto Nacional de Cardiologia, em Laranjeiras, que tem 11 leitos de UTI. Sendo que apenas seis deles atendem recém-nascidos. Com isso, é difícil encontrar vagar por lá. A pediatra Talita Nolasco descarta que a solução possa vir por meio de convênios com hospitais privados.

– Eles podem ajudar provisoriamente com relação à fila do Sistema de Regulação do SUS, mas esta não é uma solução definitiva. Uma unidade da rede privada, com contrato provisório, chegou a operar 350 crianças por ano. Mas está sem pagamento há vários meses e diminuiu drasticamente o chamado das crianças da fila. Com isso, essas crianças estão morrendo na fila de cirurgia.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, todos os anos, surgem 28 mil casos de cardiopatias congênitas no Brasil – cerca de 1% das crianças nascidas no país anualmente. E metade desses brasileirinhos vão precisar de cirurgia antes do primeiro ano de vida.

Iecac aumentou número de cirurgias em 2016
A Secretaria de Estado de Saúde do Rio diz que, em 2016, o Iecac ampliou em 25% o número de cirurgias e que, nos dois primeiros meses de 2017, a unidade realizou um número referente a cerca de 50% dos procedimentos pediátricos feitos em 2015.